O início de tudo...
Mary's POV
Suzanna era o tipo de pessoa que sempre está ao seu lado quando precisa
e que sempre te incentiva a viver seus sonhos, às vezes até compartilha deles,
por isso tinha orgulho de chamá-la de melhor amiga. Ela não era a única que
merecia essa denominação, pois ainda tinham os meninos, mas era a única que
passou toda a infância me suportando. Falando em suportar, nosso dia seria
cheio, pois teríamos de nos mudar para outro país por causa da universidade.
Não que no nosso país não existissem bons sistemas de ensino superior, mas como
já foi dito, eu e Suzy compartilhávamos esse desejo.
Sem dúvida eu estava ansiosa, mas ainda assim consegui dormir, já Suzy,
para variar, ficou passeando pela casa e arrumando o travesseiro de cinco em
cinco minutos.
Conclusão: A missão impossível de acordá-la seria de minha
responsabilidade.
O despertador barulhento do celular tocou, resmunguei um pouco, mas
mesmo assim levantei. Tive tempo de arrumar minhas malas, achar uns casacos que
estavam super escondidos dentro do armário e até fiz a proeza de derrubar meu
sapato no chão sem querer.
Nada da Suzanna acordar, como já era esperado. Respirei fundo tentando
manter a calma e andei até a sua cama, sentindo uma pontinha de inveja boa,
como dizem por aí, do jeito fofo que ela dormia.
- Suzanna... Suzy acorda! - toquei seu braço e a balancei, numa
tentativa delicada, digamos.
- Não acredito! Eu juro que coloquei o despertador, como isso pode
acontecer?
Ela abriu os olhos bem devagar, olhou para o relógio e reagiu assustada.
- Você não tem jeito mesmo né? - disse ironicamente prendendo o riso -
Nem no dia em que você vai morar perto do seu namorado você acorda, eita! -
esqueci de citar esse fato irrelevante, Suzanna namorava Joseph, o único
insuportável dos irmãos Jonas, a ovelha negra eu diria.
- Tem razão - ela riu, sentando-se na cama - Eu fiquei até tarde fazendo
as malas, talvez seja por isso que acordei atrasada - levantou-se
repentinamente, obrigando-me a ceder o mínimo de espaço - Vou tomar um banho
correndo. Será que dá tempo? - Suzy apressou, finalmente.
- Corre né! - exclamei enquanto ria do modo como ela quase derrubou a toalha
das mãos
- Nick disse que é para gente ir direto para a casa dele - alertei.
- Opa! - modo Suzanna de confirmar - Joe vai estar lá, né? - tinha que
perguntar, sempre.
- Ele não perderia a oportunidade de me irritar - falei em baixo tom, para que
ela não reclamar, mas era notável o tédio em minha voz. Foi impossível não lembrar
a última, cara patético! Balancei a cabeça levemente e fechei os olhos querendo
desviar o pensamento. Logo recordei o motivo da minha espera, "vamos
tartaruga, vamos".
- ANDA SUZANNA - exaltei-me com ela por um instante enquanto jogava as roupas
em sua direção. Ao perceber meu ato, sorri torto para ela, um pouco
envergonhada - Desculpa...
- Tudo bem, MAS NÃO GRITA COMIGO DE NOVO - ela devolveu a atitude enquanto se
vestia.
- Se fosse com o Nick eu apanharia, ele odeia quando faço isso... - não
pude evitar um meio sorriso, mas que problema tem nisso? Eu sentia falta de meu
amigo, só isso. Mas Suzy sempre insinuava algo, era só contar até três e lá
vinha.
- Amiga você já pensou em esquentar a relação com Nick?
- Como assim? - neguei com a cabeça franzindo a testa - Não! Credo!
- Sei, sei... - Suzy me encarou com desconfiança enquanto passava delineador.
- Quieta, agora. - apontei o indicador a ela - e não venha dizer que eu
gaguejei porque gosto dele, isso é mentira. Eu só gaguejei por ser uma
suposição absurda! - não pude encará-la, essa história de namorar o Nicholas
era tão desconfortável que eu nunca sabia o que responder - Quer dizer, o Nick
é lindo - honestidade apenas - mas ele está apaixonado...
- É eu sei, ele está apaixonado por você - ela ainda insistia, num tom quase
inaudível, se divertindo às minhas custas, estava aprendendo com o namorado,
certeza. Ela achou tanta graça que quase borrou o batom que passava nos lábios
em frente ao espelho.
- Estou te ouvindo, vê se para com isso - tive que rir do meu próprio
nervosismo - Nick é como um irmão para mim, nada mais... - expliquei e sem
suportar mais uma risada dela, tapei sua boca antes que continuasse a falar -
Vamos logo. - sem olhá-la, saí do quarto com minha mala e a jaqueta pendurada
no braço.
As reações de Suzy eram cronometradas em meu pensamento, eu praticamente
gesticulei a frase dela enquanto verificava se estava esquecendo algo. Notei os
passaportes em cima da mesa e agilizei para guardá-los na bolsa. Antes que eu
esqueça, a frase de minha amiga foi:
- Valeu hein, borrou meu batom. Agora tenho que tirar tudo isso e passar de
novo.
- Ok Barbie Califórnia, você não ganhou a discussão dessa vez, mas
se quiser eu compro um batom novo - notei que ela estava finalmente ao meu
lado, então segui ao elevador.
- Não me chama de Barbie, sabe que eu odeio isso, eu não sou
superficial assim, só quero ficar bonita e não precisa comprar um batom novo,
só não estraga o meu momento!
- Você não consegue disfarçar que está nervosa - gargalhei ao perceber seus
olhos saltados e a quantidade de vezes que arrumava o cabelo - Há quanto tempo
não vemos os meninos?
- Não sei... Realmente há muito tempo. Quero matar toda essa saudade que eu
tenho do Joe... E sim, estou muito nervosa! - ela confessou encostando na
parede do elevador.
Soltei o ar dos meus pulmões ao ouvir outra vez coisas melosas sobre
Joseph, eu me sentia incomodada, mas ela não percebia isso, nem eu sabia o
porquê.
O silêncio era fatal dentro do elevador até que ouvi o aviso do meu
celular, era Nick.
Ele tinha mandou uma mensagem:
"Bom dia!
Sinto informar, mas Kevin marcou reunião bem agora,
então, não sei posso buscar vocês, mas vou mandar um motorista.
Ah, antes que eu esqueça e morra duplamente depois,
Joe manda beijos, 'especialmente pra Suzy'. ¬¬
Sinto sua falta Marie, não vejo a hora de te abraçar!
Boa viagem"
- O que diz aí? - a senhorita impaciente perguntou tentando ler.
- Ah... Parece que vamos de primeira classe... - respondi simplesmente.
- Como assim não entendi, me dá esse celular deixa eu ler direito - ela puxou o
aparelho de minha mão e me deixou sem reação - awn Joe lindo - comentou e me
olhou de lado
- Marie, hum... - imitando sotaque francês ela repetiu o apelido,
deixando-me envergonhada.
- Suzanna! - adverti mais uma vez e revirei os olhos - Vamos, faltam dez
minutos para o voo!
- Então vamos! - empurrou-me para fora, quase derrubando.
- Ei, a culpa não é minha você sabe muito bem - espremi os olhos ao encará-la.
- Cala a boca, Mary. Meu banho era necessário, agora entra no táxi. - ela
revidou.
- Ah coitadinha, - debochei enquanto entrava - ela não pode acordar
cedo!
- Calada - ela me olhou com raiva e eu fiz sinal de continência, arregalando os
olhos.
No aeroporto tudo ocorreu com muita rapidez, nosso check-in já havia
sido feito pela Internet, nossas bagagens foram despachadas e a abertura dos
portão que dava a entrada do avião, por sorte não atrasou. Talvez por essa
pressa, Suzy não falou muito, apenas ouviu música em seu fone de ouvido a
viagem toda, e olha que foi longa. Poderia estar chateada comigo pelas tantas
atitudes mau-educadas que tive desde o começo da manhã, mas ela também tinha
que entender que eu estava nervosa. Não liguei muito para isso, pois assim que
ela visse o namorado esqueceria de tudo, inclusive das minhas broncas.
- Finalmente! - exclamou ela quando o comandante anunciou a chegada.
Do lado de fora do aeroporto, havia um homem de terno preto segurando
uma plaquinha com nossos nomes, sorrimos as duas ao mesmo tempo e acenamos para
o pobre coitado que deveria estar lá esperando a horas. Pobre mesmo ele não
era, afinal ganhava salário para usar ótimas roupas e dirigir uma limousine.
Pode parecer cliché ou brega para alguns, mas isso era coisa do Nicholas, fazer
o quê. Na verdade aposto que ele foi na onda do romântico irmão mais velho,
Paul Kevin.
Suzanna tinha um sorriso lindo estampado no rosto assim que entrou no
veículo, tocou até as minhas mãos, causando um grande estalo. Não disse que eu
não precisaria fazer nada para que ela melhorasse? Eu sou um gênio. Ok, talvez
não, mas quando se trata de Suzy, sim.
Ao fitar o couro do banco, notei ao meu lada uma caixa bege que parecia uma
embalagem de chocolate caro, apanhei o objeto e encontrei um bilhete, onde
estava escrito:
Surpresa de boas vidas – Nick.
Estranhei a letra, mas ignorei tal fato, pensando que ao passar dos anos
a letra de Nick havia mudado. Lentamente abri a tampa, algo me dizia que eu não
devia mexer.
Dito e feito: Um bicho de pelúcia com penas pretas surgiu de dentro, enchendo
minha roupa e minha boca de fiapos, obviamente não era um presente de Nicholas,
era uma provocação.
- EU TE MATO JOSEPH - gritei, assustando o motorista lá na frente que
até errou na curva por causa da minha voz aguda. Suzy não pôde deixar de rir e
me dar um soco leve no braço.
- Joe já começou a aprontar contigo, que saudade!
- Saudade? - eu a encarei com raiva, meu rosto queimava. - Você só pode
estar brincando, eu jamais sentiria falta desse - procurei a palavra certa -
ser das trevas, que nojo - cuspi as penas que insistiam em grudar em meus
lábios.
- Sem exageros, Mary. - ela comentou - olha, tem uma para mim também...
"Com amor, para Suzy" - leu em voz alta e então abriu a
caixa, encontrando uma carta.
Para piorar o meu humor, ela resolver ler tudo em voz alta.
"Meu amor,
seja bem vinda, mal posso esperar para matar a saudade que sinto de
você,
quero fazer tudo que a distância não permitiu, inclusive te encher de
beijos.
Te amo, minha linda!
- Joe"
- Que perfeito, ainda nem acredito que estamos aqui! Preciso vê-lo o mais
rápido possível!
- Segura isso! - entreguei a caixa para Suzy, que estava em transe e nem viu
que o carro parou, saí andando. Toquei a campainha e deixei que ela se
responsabilizasse pelas malas junto com o motorista.
A porta foi aberta, eu poderia ser recepcionada por qualquer um, menos ele.
- Credo! - espantei-me.
- É assim que você cumprimenta os amigos, Mary? - Joe ergueu uma das
sobrancelhas.
- Você sim, vê se me erra.
Suzanna olhou para ele e em questão de segundos parecia uma criança
chorando, além de derrubar tudo o que tinha na mão para prender as pernas em
sua cintura durante o abraço;
- QUE SAUDADE - Joe gritou no meu ouvido assim que a soltou após o beijo
melado.
- Sim, meu amor, muitas, muita muitas saudades... Já não aguentava mais! - Suzy
respondeu.
- Ew - gesticulei franzindo a testa ao vê-los ali e talvez por
notar a minha expressão, Joe me abraçou, de um jeito sufocante contra a minha
vontade e, sinceramente, eu odiava tudo nele, menos o seu perfume. Por mim, ele
cheiraria a esgoto, a lixo, qualquer coisa ruim que fosse, mas não, tinha que
ter aquele cheiro maravilhoso, nem forte o maldito perfume era.
- Solta. - tentei me desprender.
- Tem medo de mim, não é? - ele riu após me soltar.
Nem respondi porque não tinha medo e sim raiva, mas antes que eu pudesse dizer
isso,
Nick apareceu me apertando num abraço aconchegante e silencioso.
- Estava com saudades de você - disse num sussurro, ainda me recuperando
daquele cheiro.
- O que foi? - perguntou ele ao se afastar, percebendo a minha palidez.
- Não foi nada, é só cansaço de viagem... e saudades suas! - exclamei sorrindo,
eu tentava, mas sempre tinha que me explicar, ou inventar uma explicação
convincente. Mas foi aí que Suzy apareceu para me salvar, de mãos dadas com o
cretino do perfume, claro.
- Oi Nicholas, que saudade - sorriu delicadamente.
- Também estou com saudades, cunhadinha. - Nick disse ao separar nosso abraço.
- Continua o mesmo homem sensível e carinhoso como sempre foi, né? - ela
beijou seu rosto.
- Eu tento - ele riu e esfregou a nuca com a mão esquerda. Alguém estava
nervoso...
- Então Nick, - chamei atenção, tentando ajudá-lo - acho que temos que
conversar! - lembrei- me do que ele disse semanas atrás por telefone, sobre um
aniversário surpresa de Suzanna.
- Hum, o que vocês precisam conversar hein? - a maliciosa digo, Suzy,
perguntou.
- Nada demais - Nick acenou para o irmão discretamente.
- Já devo imaginar o que é - Joseph respondeu
- Você também? - ela não gostou muito, óbvio - agora estão todos
escondendo coisas de mim, Ok! - Suzy fez bico, encostou nos lábios do namorado
e caminhou até o quarto para desfazer as malas, contra a sua vontade e
ligeiramente chateada.
- Vá atrás dela - disse pra Joe - você estraga tudo, mesmo!
- Fiz besteira, não foi? - reclamou.
- O que você acha? - Nick debochou.
Então ele correu atrás dela, parei uns minutos para adivinhar a cena previsível
dos dois: ele parado bem em frente à porta, pensando no que dizer e
resolve fazer cara de cachorro sem dono antes de implorar perdão, mais ou menos
assim:
- Su, por favor... Amor abre a porta, por favor, me desculpa, mas eu
realmente não posso contar. - com uma pitada de mistério - Em breve você
saberá, minha linda, abre a porta.
- Quero ficar sozinha, valeu, se você não quer ficar comigo eu tenho
coisas para arrumar - ela se faz de difícil e coitadinha ao mesmo tempo, e
então ele não desiste:
- Não! Não valeu! Olha, por favor, abre essa porta, eu quero sim você, muito. -
aí ela conta alguns segundos para abrir a porta e ele faz pose de carente, para
então beijá-la e convencê-la de que não tem nada errado, além de ganhar tempo
para encontrar um motivo para sair do quarto e terminar o assunto na sala, sem
deixar é claro de usar um termo infantil para que ela se derreta de amores.
Como:
- Pode nanar, minha linda. Eu vou lá para baixo ver se tem algo para comer,
qualquer coisa me chama que eu venho correndo! - ele ganha um sorriso e deixa o
quarto.
- Mary, alô... - Nick passou a palma da mão perto dos meu olhos para que
eu acordasse.
- Oi, desculpa - fiquei sem graça e sorri para ele.
- Onde você está hein? - ele riu e não esperou resposta - Quer doce?
- Doce amo doce! - exclamei.
- Toma - ele estendeu uma bala de caramelo que tinha no bolso e eu abri,
devorando-a.
- Só assim para você acordar não é? - o riso foi em uníssono.
Um vulto passou por meus olhos e eu sabia quem estava vindo, então
tratei de abraçar
Nicholas com força para que o cheiro distinto de seu perfume me
embriagasse. Joe caminhou até a geladeira e pegou ingredientes para preparar um
sanduíche, olhando para o lado e disparando um comentário desnecessário, como
todos os outros:
- Mas vocês são chiclete hein, que isso. - sem pensar duas vezes mostrei o dedo
do meio.
Ele não reagiu como eu esperava, apenas riu olhando para o chão e começou a
mastigar o lanche, Suzy veio com rapidez até nós, aposto que nem estava
dormindo, só fazendo graça, pois se estivesse mesmo cansada como eu imaginei,
não ia propôr algo como:
- Vamos fazer alguma coisa, ir ao cinema, museu, parque de diversões,
shopping...
O que vocês sugerem? - sorriu para Joe e piscou para mim.
Parque de diversão, aquele lugar me dava arrepios, estava cruzando os
dedos para ninguém dizer nada, quando olhei para a cara sarcástica de Joe
entendi que estava perdida.
*POV: Point of view // Ponto de vista
Não esqueça de comentar e divulgar
Obrigada por ler!
O início de tudo...
Mary's POV
Suzanna era o tipo de pessoa que sempre está ao seu lado quando precisa
e que sempre te incentiva a viver seus sonhos, às vezes até compartilha deles,
por isso tinha orgulho de chamá-la de melhor amiga. Ela não era a única que
merecia essa denominação, pois ainda tinham os meninos, mas era a única que
passou toda a infância me suportando. Falando em suportar, nosso dia seria
cheio, pois teríamos de nos mudar para outro país por causa da universidade.
Não que no nosso país não existissem bons sistemas de ensino superior, mas como
já foi dito, eu e Suzy compartilhávamos esse desejo.
Sem dúvida eu estava ansiosa, mas ainda assim consegui dormir, já Suzy,
para variar, ficou passeando pela casa e arrumando o travesseiro de cinco em
cinco minutos.
Conclusão: A missão impossível de acordá-la seria de minha
responsabilidade.
O despertador barulhento do celular tocou, resmunguei um pouco, mas
mesmo assim levantei. Tive tempo de arrumar minhas malas, achar uns casacos que
estavam super escondidos dentro do armário e até fiz a proeza de derrubar meu
sapato no chão sem querer.
Nada da Suzanna acordar, como já era esperado. Respirei fundo tentando
manter a calma e andei até a sua cama, sentindo uma pontinha de inveja boa,
como dizem por aí, do jeito fofo que ela dormia.
- Suzanna... Suzy acorda! - toquei seu braço e a balancei, numa
tentativa delicada, digamos.
- Não acredito! Eu juro que coloquei o despertador, como isso pode
acontecer?
Ela abriu os olhos bem devagar, olhou para o relógio e reagiu assustada.
- Você não tem jeito mesmo né? - disse ironicamente prendendo o riso -
Nem no dia em que você vai morar perto do seu namorado você acorda, eita! -
esqueci de citar esse fato irrelevante, Suzanna namorava Joseph, o único
insuportável dos irmãos Jonas, a ovelha negra eu diria.
- Tem razão - ela riu, sentando-se na cama - Eu fiquei até tarde fazendo
as malas, talvez seja por isso que acordei atrasada - levantou-se
repentinamente, obrigando-me a ceder o mínimo de espaço - Vou tomar um banho
correndo. Será que dá tempo? - Suzy apressou, finalmente.
- Corre né! - exclamei enquanto ria do modo como ela quase derrubou a toalha
das mãos
- Nick disse que é para gente ir direto para a casa dele - alertei.
- Opa! - modo Suzanna de confirmar - Joe vai estar lá, né? - tinha que
perguntar, sempre.
- Ele não perderia a oportunidade de me irritar - falei em baixo tom, para que
ela não reclamar, mas era notável o tédio em minha voz. Foi impossível não lembrar
a última, cara patético! Balancei a cabeça levemente e fechei os olhos querendo
desviar o pensamento. Logo recordei o motivo da minha espera, "vamos
tartaruga, vamos".
- ANDA SUZANNA - exaltei-me com ela por um instante enquanto jogava as roupas
em sua direção. Ao perceber meu ato, sorri torto para ela, um pouco
envergonhada - Desculpa...
- Tudo bem, MAS NÃO GRITA COMIGO DE NOVO - ela devolveu a atitude enquanto se
vestia.
- Se fosse com o Nick eu apanharia, ele odeia quando faço isso... - não
pude evitar um meio sorriso, mas que problema tem nisso? Eu sentia falta de meu
amigo, só isso. Mas Suzy sempre insinuava algo, era só contar até três e lá
vinha.
- Amiga você já pensou em esquentar a relação com Nick?
- Como assim? - neguei com a cabeça franzindo a testa - Não! Credo!
- Sei, sei... - Suzy me encarou com desconfiança enquanto passava delineador.
- Quieta, agora. - apontei o indicador a ela - e não venha dizer que eu gaguejei porque gosto dele, isso é mentira. Eu só gaguejei por ser uma suposição absurda! - não pude encará-la, essa história de namorar o Nicholas era tão desconfortável que eu nunca sabia o que responder - Quer dizer, o Nick é lindo - honestidade apenas - mas ele está apaixonado...
- É eu sei, ele está apaixonado por você - ela ainda insistia, num tom quase
inaudível, se divertindo às minhas custas, estava aprendendo com o namorado,
certeza. Ela achou tanta graça que quase borrou o batom que passava nos lábios
em frente ao espelho.
- Estou te ouvindo, vê se para com isso - tive que rir do meu próprio
nervosismo - Nick é como um irmão para mim, nada mais... - expliquei e sem
suportar mais uma risada dela, tapei sua boca antes que continuasse a falar -
Vamos logo. - sem olhá-la, saí do quarto com minha mala e a jaqueta pendurada
no braço.
As reações de Suzy eram cronometradas em meu pensamento, eu praticamente
gesticulei a frase dela enquanto verificava se estava esquecendo algo. Notei os
passaportes em cima da mesa e agilizei para guardá-los na bolsa. Antes que eu
esqueça, a frase de minha amiga foi:
- Valeu hein, borrou meu batom. Agora tenho que tirar tudo isso e passar de
novo.
- Ok Barbie Califórnia, você não ganhou a discussão dessa vez, mas
se quiser eu compro um batom novo - notei que ela estava finalmente ao meu
lado, então segui ao elevador.
- Não me chama de Barbie, sabe que eu odeio isso, eu não sou
superficial assim, só quero ficar bonita e não precisa comprar um batom novo,
só não estraga o meu momento!
- Você não consegue disfarçar que está nervosa - gargalhei ao perceber seus
olhos saltados e a quantidade de vezes que arrumava o cabelo - Há quanto tempo
não vemos os meninos?
- Não sei... Realmente há muito tempo. Quero matar toda essa saudade que eu
tenho do Joe... E sim, estou muito nervosa! - ela confessou encostando na
parede do elevador.
Soltei o ar dos meus pulmões ao ouvir outra vez coisas melosas sobre
Joseph, eu me sentia incomodada, mas ela não percebia isso, nem eu sabia o
porquê.
O silêncio era fatal dentro do elevador até que ouvi o aviso do meu
celular, era Nick.
Ele tinha mandou uma mensagem:
"Bom dia!
Sinto informar, mas Kevin marcou reunião bem agora,
então, não sei posso buscar vocês, mas vou mandar um motorista.
Ah, antes que eu esqueça e morra duplamente depois,
Joe manda beijos, 'especialmente pra Suzy'. ¬¬
Sinto sua falta Marie, não vejo a hora de te abraçar!
Boa viagem"
- O que diz aí? - a senhorita impaciente perguntou tentando ler.
- Ah... Parece que vamos de primeira classe... - respondi simplesmente.
- Como assim não entendi, me dá esse celular deixa eu ler direito - ela puxou o
aparelho de minha mão e me deixou sem reação - awn Joe lindo - comentou e me
olhou de lado
- Marie, hum... - imitando sotaque francês ela repetiu o apelido,
deixando-me envergonhada.
- Suzanna! - adverti mais uma vez e revirei os olhos - Vamos, faltam dez minutos para o voo!
- Então vamos! - empurrou-me para fora, quase derrubando.
- Ei, a culpa não é minha você sabe muito bem - espremi os olhos ao encará-la.
- Cala a boca, Mary. Meu banho era necessário, agora entra no táxi. - ela
revidou.
- Ah coitadinha, - debochei enquanto entrava - ela não pode acordar
cedo!
- Calada - ela me olhou com raiva e eu fiz sinal de continência, arregalando os
olhos.
No aeroporto tudo ocorreu com muita rapidez, nosso check-in já havia
sido feito pela Internet, nossas bagagens foram despachadas e a abertura dos
portão que dava a entrada do avião, por sorte não atrasou. Talvez por essa
pressa, Suzy não falou muito, apenas ouviu música em seu fone de ouvido a
viagem toda, e olha que foi longa. Poderia estar chateada comigo pelas tantas
atitudes mau-educadas que tive desde o começo da manhã, mas ela também tinha
que entender que eu estava nervosa. Não liguei muito para isso, pois assim que
ela visse o namorado esqueceria de tudo, inclusive das minhas broncas.
- Finalmente! - exclamou ela quando o comandante anunciou a chegada.
Do lado de fora do aeroporto, havia um homem de terno preto segurando
uma plaquinha com nossos nomes, sorrimos as duas ao mesmo tempo e acenamos para
o pobre coitado que deveria estar lá esperando a horas. Pobre mesmo ele não
era, afinal ganhava salário para usar ótimas roupas e dirigir uma limousine.
Pode parecer cliché ou brega para alguns, mas isso era coisa do Nicholas, fazer
o quê. Na verdade aposto que ele foi na onda do romântico irmão mais velho,
Paul Kevin.
Suzanna tinha um sorriso lindo estampado no rosto assim que entrou no
veículo, tocou até as minhas mãos, causando um grande estalo. Não disse que eu
não precisaria fazer nada para que ela melhorasse? Eu sou um gênio. Ok, talvez
não, mas quando se trata de Suzy, sim.
Ao fitar o couro do banco, notei ao meu lada uma caixa bege que parecia uma
embalagem de chocolate caro, apanhei o objeto e encontrei um bilhete, onde
estava escrito:
Surpresa de boas vidas – Nick.
Estranhei a letra, mas ignorei tal fato, pensando que ao passar dos anos
a letra de Nick havia mudado. Lentamente abri a tampa, algo me dizia que eu não
devia mexer.
Dito e feito: Um bicho de pelúcia com penas pretas surgiu de dentro, enchendo
minha roupa e minha boca de fiapos, obviamente não era um presente de Nicholas,
era uma provocação.
- EU TE MATO JOSEPH - gritei, assustando o motorista lá na frente que
até errou na curva por causa da minha voz aguda. Suzy não pôde deixar de rir e
me dar um soco leve no braço.
- Joe já começou a aprontar contigo, que saudade!
- Saudade? - eu a encarei com raiva, meu rosto queimava. - Você só pode
estar brincando, eu jamais sentiria falta desse - procurei a palavra certa -
ser das trevas, que nojo - cuspi as penas que insistiam em grudar em meus
lábios.
- Sem exageros, Mary. - ela comentou - olha, tem uma para mim também...
"Com amor, para Suzy" - leu em voz alta e então abriu a
caixa, encontrando uma carta.
Para piorar o meu humor, ela resolver ler tudo em voz alta.
"Meu amor,
seja bem vinda, mal posso esperar para matar a saudade que sinto de
você,
quero fazer tudo que a distância não permitiu, inclusive te encher de
beijos.
Te amo, minha linda!
- Joe"
- Que perfeito, ainda nem acredito que estamos aqui! Preciso vê-lo o mais
rápido possível!
- Segura isso! - entreguei a caixa para Suzy, que estava em transe e nem viu
que o carro parou, saí andando. Toquei a campainha e deixei que ela se
responsabilizasse pelas malas junto com o motorista.
A porta foi aberta, eu poderia ser recepcionada por qualquer um, menos ele.
- Credo! - espantei-me.
- É assim que você cumprimenta os amigos, Mary? - Joe ergueu uma das
sobrancelhas.
- Você sim, vê se me erra.
Suzanna olhou para ele e em questão de segundos parecia uma criança
chorando, além de derrubar tudo o que tinha na mão para prender as pernas em
sua cintura durante o abraço;
- QUE SAUDADE - Joe gritou no meu ouvido assim que a soltou após o beijo
melado.
- Sim, meu amor, muitas, muita muitas saudades... Já não aguentava mais! - Suzy
respondeu.
- Ew - gesticulei franzindo a testa ao vê-los ali e talvez por
notar a minha expressão, Joe me abraçou, de um jeito sufocante contra a minha
vontade e, sinceramente, eu odiava tudo nele, menos o seu perfume. Por mim, ele
cheiraria a esgoto, a lixo, qualquer coisa ruim que fosse, mas não, tinha que
ter aquele cheiro maravilhoso, nem forte o maldito perfume era.
- Solta. - tentei me desprender.
- Tem medo de mim, não é? - ele riu após me soltar.
Nem respondi porque não tinha medo e sim raiva, mas antes que eu pudesse dizer
isso,
Nick apareceu me apertando num abraço aconchegante e silencioso.
- Estava com saudades de você - disse num sussurro, ainda me recuperando
daquele cheiro.
- O que foi? - perguntou ele ao se afastar, percebendo a minha palidez.
- Não foi nada, é só cansaço de viagem... e saudades suas! - exclamei sorrindo,
eu tentava, mas sempre tinha que me explicar, ou inventar uma explicação
convincente. Mas foi aí que Suzy apareceu para me salvar, de mãos dadas com o
cretino do perfume, claro.
- Oi Nicholas, que saudade - sorriu delicadamente.
- Também estou com saudades, cunhadinha. - Nick disse ao separar nosso abraço.
- Continua o mesmo homem sensível e carinhoso como sempre foi, né? - ela
beijou seu rosto.
- Eu tento - ele riu e esfregou a nuca com a mão esquerda. Alguém estava
nervoso...
- Então Nick, - chamei atenção, tentando ajudá-lo - acho que temos que
conversar! - lembrei- me do que ele disse semanas atrás por telefone, sobre um
aniversário surpresa de Suzanna.
- Hum, o que vocês precisam conversar hein? - a maliciosa digo, Suzy,
perguntou.
- Nada demais - Nick acenou para o irmão discretamente.
- Já devo imaginar o que é - Joseph respondeu
- Você também? - ela não gostou muito, óbvio - agora estão todos
escondendo coisas de mim, Ok! - Suzy fez bico, encostou nos lábios do namorado
e caminhou até o quarto para desfazer as malas, contra a sua vontade e
ligeiramente chateada.
- Vá atrás dela - disse pra Joe - você estraga tudo, mesmo!
- Fiz besteira, não foi? - reclamou.
- O que você acha? - Nick debochou.
Então ele correu atrás dela, parei uns minutos para adivinhar a cena previsível
dos dois: ele parado bem em frente à porta, pensando no que dizer e
resolve fazer cara de cachorro sem dono antes de implorar perdão, mais ou menos
assim:
- Su, por favor... Amor abre a porta, por favor, me desculpa, mas eu
realmente não posso contar. - com uma pitada de mistério - Em breve você
saberá, minha linda, abre a porta.
- Quero ficar sozinha, valeu, se você não quer ficar comigo eu tenho
coisas para arrumar - ela se faz de difícil e coitadinha ao mesmo tempo, e
então ele não desiste:
- Não! Não valeu! Olha, por favor, abre essa porta, eu quero sim você, muito. -
aí ela conta alguns segundos para abrir a porta e ele faz pose de carente, para
então beijá-la e convencê-la de que não tem nada errado, além de ganhar tempo
para encontrar um motivo para sair do quarto e terminar o assunto na sala, sem
deixar é claro de usar um termo infantil para que ela se derreta de amores.
Como:
- Pode nanar, minha linda. Eu vou lá para baixo ver se tem algo para comer,
qualquer coisa me chama que eu venho correndo! - ele ganha um sorriso e deixa o
quarto.
- Mary, alô... - Nick passou a palma da mão perto dos meu olhos para que
eu acordasse.
- Oi, desculpa - fiquei sem graça e sorri para ele.
- Onde você está hein? - ele riu e não esperou resposta - Quer doce?
- Doce amo doce! - exclamei.
- Toma - ele estendeu uma bala de caramelo que tinha no bolso e eu abri,
devorando-a.
- Só assim para você acordar não é? - o riso foi em uníssono.
Um vulto passou por meus olhos e eu sabia quem estava vindo, então
tratei de abraçar
Nicholas com força para que o cheiro distinto de seu perfume me
embriagasse. Joe caminhou até a geladeira e pegou ingredientes para preparar um
sanduíche, olhando para o lado e disparando um comentário desnecessário, como
todos os outros:
- Mas vocês são chiclete hein, que isso. - sem pensar duas vezes mostrei o dedo
do meio.
Ele não reagiu como eu esperava, apenas riu olhando para o chão e começou a
mastigar o lanche, Suzy veio com rapidez até nós, aposto que nem estava
dormindo, só fazendo graça, pois se estivesse mesmo cansada como eu imaginei,
não ia propôr algo como:
- Vamos fazer alguma coisa, ir ao cinema, museu, parque de diversões,
shopping...
O que vocês sugerem? - sorriu para Joe e piscou para mim.
Parque de diversão, aquele lugar me dava arrepios, estava cruzando os
dedos para ninguém dizer nada, quando olhei para a cara sarcástica de Joe
entendi que estava perdida.
*POV: Point of view // Ponto de vista
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Obrigada por ler!
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