sábado, 27 de setembro de 2014

Capítulo 1

O início de tudo...


Mary's POV

Suzanna era o tipo de pessoa que sempre está ao seu lado quando precisa e que sempre te incentiva a viver seus sonhos, às vezes até compartilha deles, por isso tinha orgulho de chamá-la de melhor amiga. Ela não era a única que merecia essa denominação, pois ainda tinham os meninos, mas era a única que passou toda a infância me suportando. Falando em suportar, nosso dia seria cheio, pois teríamos de nos mudar para outro país por causa da universidade. Não que no nosso país não existissem bons sistemas de ensino superior, mas como já foi dito, eu e Suzy compartilhávamos esse desejo.

Sem dúvida eu estava ansiosa, mas ainda assim consegui dormir, já Suzy, para variar, ficou passeando pela casa e arrumando o travesseiro de cinco em cinco minutos.

Conclusão: A missão impossível de acordá-la seria de minha responsabilidade.

O despertador barulhento do celular tocou, resmunguei um pouco, mas mesmo assim levantei. Tive tempo de arrumar minhas malas, achar uns casacos que estavam super escondidos dentro do armário e até fiz a proeza de derrubar meu sapato no chão sem querer.

Nada da Suzanna acordar, como já era esperado. Respirei fundo tentando manter a calma e andei até a sua cama, sentindo uma pontinha de inveja boa, como dizem por aí, do jeito fofo que ela dormia.

- Suzanna... Suzy acorda! - toquei seu braço e a balancei, numa tentativa delicada, digamos.

- Não acredito! Eu juro que coloquei o despertador, como isso pode acontecer?

Ela abriu os olhos bem devagar, olhou para o relógio e reagiu assustada.

- Você não tem jeito mesmo né? - disse ironicamente prendendo o riso - Nem no dia em que você vai morar perto do seu namorado você acorda, eita! - esqueci de citar esse fato irrelevante, Suzanna namorava Joseph, o único insuportável dos irmãos Jonas, a ovelha negra eu diria.

- Tem razão - ela riu, sentando-se na cama - Eu fiquei até tarde fazendo as malas, talvez seja por isso que acordei atrasada - levantou-se repentinamente, obrigando-me a ceder o mínimo de espaço - Vou tomar um banho correndo. Será que dá tempo? - Suzy apressou, finalmente.

- Corre né! - exclamei enquanto ria do modo como ela quase derrubou a toalha das mãos

- Nick disse que é para gente ir direto para a casa dele - alertei.

- Opa! - modo Suzanna de confirmar - Joe vai estar lá, né? - tinha que perguntar, sempre.

- Ele não perderia a oportunidade de me irritar - falei em baixo tom, para que ela não reclamar, mas era notável o tédio em minha voz. Foi impossível não lembrar a última, cara patético! Balancei a cabeça levemente e fechei os olhos querendo desviar o pensamento. Logo recordei o motivo da minha espera, "vamos tartaruga, vamos".

- ANDA SUZANNA - exaltei-me com ela por um instante enquanto jogava as roupas em sua direção. Ao perceber meu ato, sorri torto para ela, um pouco envergonhada - Desculpa...

- Tudo bem, MAS NÃO GRITA COMIGO DE NOVO - ela devolveu a atitude enquanto se vestia.

- Se fosse com o Nick eu apanharia, ele odeia quando faço isso... - não pude evitar um meio sorriso, mas que problema tem nisso? Eu sentia falta de meu amigo, só isso. Mas Suzy sempre insinuava algo, era só contar até três e lá vinha.

- Amiga você já pensou em esquentar a relação com Nick?

- Como assim? - neguei com a cabeça franzindo a testa - Não! Credo!

- Sei, sei... - Suzy me encarou com desconfiança enquanto passava delineador.

- Quieta, agora. - apontei o indicador a ela - e não venha dizer que eu gaguejei porque gosto dele, isso é mentira. Eu só gaguejei por ser uma suposição absurda! - não pude encará-la, essa história de namorar o Nicholas era tão desconfortável que eu nunca sabia o que responder - Quer dizer, o Nick é lindo - honestidade apenas - mas ele está apaixonado...

- É eu sei, ele está apaixonado por você - ela ainda insistia, num tom quase inaudível, se divertindo às minhas custas, estava aprendendo com o namorado, certeza. Ela achou tanta graça que quase borrou o batom que passava nos lábios em frente ao espelho.

- Estou te ouvindo, vê se para com isso - tive que rir do meu próprio nervosismo - Nick é como um irmão para mim, nada mais... - expliquei e sem suportar mais uma risada dela, tapei sua boca antes que continuasse a falar - Vamos logo. - sem olhá-la, saí do quarto com minha mala e a jaqueta pendurada no braço.

As reações de Suzy eram cronometradas em meu pensamento, eu praticamente gesticulei a frase dela enquanto verificava se estava esquecendo algo. Notei os passaportes em cima da mesa e agilizei para guardá-los na bolsa. Antes que eu esqueça, a frase de minha amiga foi:

- Valeu hein, borrou meu batom. Agora tenho que tirar tudo isso e passar de novo.

- Ok Barbie Califórnia, você não ganhou a discussão dessa vez, mas se quiser eu compro um batom novo - notei que ela estava finalmente ao meu lado, então segui ao elevador.

- Não me chama de Barbie, sabe que eu odeio isso, eu não sou superficial assim, só quero ficar bonita e não precisa comprar um batom novo, só não estraga o meu momento!

- Você não consegue disfarçar que está nervosa - gargalhei ao perceber seus olhos saltados e a quantidade de vezes que arrumava o cabelo - Há quanto tempo não vemos os meninos?

- Não sei... Realmente há muito tempo. Quero matar toda essa saudade que eu tenho do Joe... E sim, estou muito nervosa! - ela confessou encostando na parede do elevador.

Soltei o ar dos meus pulmões ao ouvir outra vez coisas melosas sobre Joseph, eu me sentia incomodada, mas ela não percebia isso, nem eu sabia o porquê.
O silêncio era fatal dentro do elevador até que ouvi o aviso do meu celular, era Nick. 
Ele tinha mandou uma mensagem:

"Bom dia!
Sinto informar, mas Kevin marcou reunião bem agora,
então, não sei posso buscar vocês, mas vou mandar um motorista.
Ah, antes que eu esqueça e morra duplamente depois,
Joe manda beijos, 'especialmente pra Suzy'. ¬¬
Sinto sua falta Marie, não vejo a hora de te abraçar!
Boa viagem"

- O que diz aí? - a senhorita impaciente perguntou tentando ler.

- Ah... Parece que vamos de primeira classe... - respondi simplesmente.

- Como assim não entendi, me dá esse celular deixa eu ler direito - ela puxou o aparelho de minha mão e me deixou sem reação - awn Joe lindo - comentou e me olhou de lado
- Marie, hum... - imitando sotaque francês ela repetiu o apelido, deixando-me envergonhada.

- Suzanna! - adverti mais uma vez e revirei os olhos - Vamos, faltam dez minutos para o voo!

- Então vamos! - empurrou-me para fora, quase derrubando.

- Ei, a culpa não é minha você sabe muito bem - espremi os olhos ao encará-la.

- Cala a boca, Mary. Meu banho era necessário, agora entra no táxi. - ela revidou.

- Ah coitadinha, - debochei enquanto entrava - ela não pode acordar cedo!

- Calada - ela me olhou com raiva e eu fiz sinal de continência, arregalando os olhos.

No aeroporto tudo ocorreu com muita rapidez, nosso check-in já havia sido feito pela Internet, nossas bagagens foram despachadas e a abertura dos portão que dava a entrada do avião, por sorte não atrasou. Talvez por essa pressa, Suzy não falou muito, apenas ouviu música em seu fone de ouvido a viagem toda, e olha que foi longa. Poderia estar chateada comigo pelas tantas atitudes mau-educadas que tive desde o começo da manhã, mas ela também tinha que entender que eu estava nervosa. Não liguei muito para isso, pois assim que ela visse o namorado esqueceria de tudo, inclusive das minhas broncas.

- Finalmente! - exclamou ela quando o comandante anunciou a chegada.

Do lado de fora do aeroporto, havia um homem de terno preto segurando uma plaquinha com nossos nomes, sorrimos as duas ao mesmo tempo e acenamos para o pobre coitado que deveria estar lá esperando a horas. Pobre mesmo ele não era, afinal ganhava salário para usar ótimas roupas e dirigir uma limousine. Pode parecer cliché ou brega para alguns, mas isso era coisa do Nicholas, fazer o quê. Na verdade aposto que ele foi na onda do romântico irmão mais velho, Paul Kevin.

Suzanna tinha um sorriso lindo estampado no rosto assim que entrou no veículo, tocou até as minhas mãos, causando um grande estalo. Não disse que eu não precisaria fazer nada para que ela melhorasse? Eu sou um gênio. Ok, talvez não, mas quando se trata de Suzy, sim.

Ao fitar o couro do banco, notei ao meu lada uma caixa bege que parecia uma embalagem de chocolate caro, apanhei o objeto e encontrei um bilhete, onde estava escrito:

Surpresa de boas vidas – Nick.

Estranhei a letra, mas ignorei tal fato, pensando que ao passar dos anos a letra de Nick havia mudado. Lentamente abri a tampa, algo me dizia que eu não devia mexer.

Dito e feito: Um bicho de pelúcia com penas pretas surgiu de dentro, enchendo minha roupa e minha boca de fiapos, obviamente não era um presente de Nicholas, era uma provocação.

- EU TE MATO JOSEPH - gritei, assustando o motorista lá na frente que até errou na curva por causa da minha voz aguda. Suzy não pôde deixar de rir e me dar um soco leve no braço.

- Joe já começou a aprontar contigo, que saudade!

- Saudade? - eu a encarei com raiva, meu rosto queimava. - Você só pode estar brincando, eu jamais sentiria falta desse - procurei a palavra certa - ser das trevas, que nojo - cuspi as penas que insistiam em grudar em meus lábios.

- Sem exageros, Mary. - ela comentou - olha, tem uma para mim também...
"Com amor, para Suzy" - leu em voz alta e então abriu a caixa, encontrando uma carta.
Para piorar o meu humor, ela resolver ler tudo em voz alta.

"Meu amor,
seja bem vinda, mal posso esperar para matar a saudade que sinto de você,
quero fazer tudo que a distância não permitiu, inclusive te encher de beijos.
Te amo, minha linda!
- Joe"


- Que perfeito, ainda nem acredito que estamos aqui! Preciso vê-lo o mais rápido possível!

- Segura isso! - entreguei a caixa para Suzy, que estava em transe e nem viu que o carro parou, saí andando. Toquei a campainha e deixei que ela se responsabilizasse pelas malas junto com o motorista.

A porta foi aberta, eu poderia ser recepcionada por qualquer um, menos ele.

- Credo! - espantei-me.

- É assim que você cumprimenta os amigos, Mary? - Joe ergueu uma das sobrancelhas.

- Você sim, vê se me erra.

Suzanna olhou para ele e em questão de segundos parecia uma criança chorando, além de derrubar tudo o que tinha na mão para prender as pernas em sua cintura durante o abraço;

- QUE SAUDADE - Joe gritou no meu ouvido assim que a soltou após o beijo melado.

- Sim, meu amor, muitas, muita muitas saudades... Já não aguentava mais! - Suzy respondeu.

Ew - gesticulei franzindo a testa ao vê-los ali e talvez por notar a minha expressão, Joe me abraçou, de um jeito sufocante contra a minha vontade e, sinceramente, eu odiava tudo nele, menos o seu perfume. Por mim, ele cheiraria a esgoto, a lixo, qualquer coisa ruim que fosse, mas não, tinha que ter aquele cheiro maravilhoso, nem forte o maldito perfume era.

- Solta. - tentei me desprender.

- Tem medo de mim, não é? - ele riu após me soltar.

Nem respondi porque não tinha medo e sim raiva, mas antes que eu pudesse dizer isso,
Nick apareceu me apertando num abraço aconchegante e silencioso.

- Estava com saudades de você - disse num sussurro, ainda me recuperando daquele cheiro.

- O que foi? - perguntou ele ao se afastar, percebendo a minha palidez.

- Não foi nada, é só cansaço de viagem... e saudades suas! - exclamei sorrindo, eu tentava, mas sempre tinha que me explicar, ou inventar uma explicação convincente. Mas foi aí que Suzy apareceu para me salvar, de mãos dadas com o cretino do perfume, claro.

- Oi Nicholas, que saudade - sorriu delicadamente.

- Também estou com saudades, cunhadinha. - Nick disse ao separar nosso abraço.

- Continua o mesmo homem sensível e carinhoso como sempre foi, né? - ela beijou seu rosto.

- Eu tento - ele riu e esfregou a nuca com a mão esquerda. Alguém estava nervoso...

- Então Nick, - chamei atenção, tentando ajudá-lo - acho que temos que conversar! - lembrei- me do que ele disse semanas atrás por telefone, sobre um aniversário surpresa de Suzanna.

- Hum, o que vocês precisam conversar hein? - a maliciosa digo, Suzy, perguntou.

- Nada demais - Nick acenou para o irmão discretamente.


- Já devo imaginar o que é - Joseph respondeu

- Você também? - ela não gostou muito, óbvio - agora estão todos escondendo coisas de mim, Ok! - Suzy fez bico, encostou nos lábios do namorado e caminhou até o quarto para desfazer as malas, contra a sua vontade e ligeiramente chateada.

- Vá atrás dela - disse pra Joe - você estraga tudo, mesmo!


- Fiz besteira, não foi? - reclamou.

- O que você acha? - Nick debochou.

Então ele correu atrás dela, parei uns minutos para adivinhar a cena previsível dos dois: ele parado bem em frente à porta, pensando no que dizer e resolve fazer cara de cachorro sem dono antes de implorar perdão, mais ou menos assim:

- Su, por favor... Amor abre a porta, por favor, me desculpa, mas eu realmente não posso contar. - com uma pitada de mistério - Em breve você saberá, minha linda, abre a porta.

- Quero ficar sozinha, valeu, se você não quer ficar comigo eu tenho coisas para arrumar - ela se faz de difícil e coitadinha ao mesmo tempo, e então ele não desiste:

- Não! Não valeu! Olha, por favor, abre essa porta, eu quero sim você, muito. - aí ela conta alguns segundos para abrir a porta e ele faz pose de carente, para então beijá-la e convencê-la de que não tem nada errado, além de ganhar tempo para encontrar um motivo para sair do quarto e terminar o assunto na sala, sem deixar é claro de usar um termo infantil para que ela se derreta de amores. Como:

- Pode nanar, minha linda. Eu vou lá para baixo ver se tem algo para comer, qualquer coisa me chama que eu venho correndo! - ele ganha um sorriso e deixa o quarto.

- Mary, alô... - Nick passou a palma da mão perto dos meu olhos para que eu acordasse.

- Oi, desculpa - fiquei sem graça e sorri para ele.

- Onde você está hein? - ele riu e não esperou resposta - Quer doce?

- Doce amo doce! - exclamei.

- Toma - ele estendeu uma bala de caramelo que tinha no bolso e eu abri, devorando-a.

- Só assim para você acordar não é? - o riso foi em uníssono.

Um vulto passou por meus olhos e eu sabia quem estava vindo, então tratei de abraçar
Nicholas com força para que o cheiro distinto de seu perfume me embriagasse. Joe caminhou até a geladeira e pegou ingredientes para preparar um sanduíche, olhando para o lado e disparando um comentário desnecessário, como todos os outros:

- Mas vocês são chiclete hein, que isso. - sem pensar duas vezes mostrei o dedo do meio.

Ele não reagiu como eu esperava, apenas riu olhando para o chão e começou a mastigar o lanche, Suzy veio com rapidez até nós, aposto que nem estava dormindo, só fazendo graça, pois se estivesse mesmo cansada como eu imaginei, não ia propôr algo como:

- Vamos fazer alguma coisa, ir ao cinema, museu, parque de diversões, shopping...

O que vocês sugerem? - sorriu para Joe e piscou para mim.

Parque de diversão, aquele lugar me dava arrepios, estava cruzando os dedos para ninguém dizer nada, quando olhei para a cara sarcástica de Joe entendi que estava perdida.

*POV: Point of view // Ponto de vista
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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Capítulo 2

Uma volta ao passado


Suzy's POV

Lá estava eu, super animada para um passeio na cidade que nunca dorme, até porque eu não estava mesmo com sono, só queria ver a cara de cachorrinho sem dono que Joe fazia quando discutíamos, eu sentia tanta falta! Confesso que ainda estava curiosa e chateada com o pessoal por me esconderem algo, mas não deixaria que isso estragasse nosso primeiro dia.

- E então, o que vocês sugerem? - insisti, tendo breve silêncio como resposta. 

- Vamos pessoal, ninguém sugere nada? - Joe incentivou os tímidos da casa.

- Para mim, tanto faz - Nick ergueu os ombros, fazendo-me suspirar decepcionada. 

- Ok, já que vocês insistem, eu decido que vamos ao parque - Joe piscou para Mary.

- Não, eu não. Não quero ir ao parque - ela comentou gaguejando e quase sem voz.

- Por que Mary? Você ama aqueles jogos! - insisti sem entender o que estava havendo.

- Eu sei, mas estou muito cansada, quero dormir, vão vocês três... - desculpa esfarrapada. 

- Não vou deixar você sozinha, eu fico - Nick propôs, como era fofo com ela! 

- Nicholas, sério, pode ir, eu vou ficar bem, não se preocupa - Mary tocou no braço dele.

- Quanta frescura... - Joe olhou para o teto irritado - está com medo de que garota?

- É verdade, Mary. Para de frescura, você vai sim. O passeio é para todos nós. - impus. 

- Suzy, por favor, não quero. - ela continuou resmungando.

- Não quero por que, o que você está me escondendo? - fui direta. 

- Não estou escondendo nada Suzanna, credo! Só não quero ir, ponto.

- Mas você vai, ponto - rebati e a puxei pelo punho.

- É isso aí, você vai sim! - Joe voltou a piscar - e vamos logo!

Entramos no quarto que pretendíamos dividir nessa noite e tratei de abrir a mala à procura de uma roupa legal para usar. Não foi difícil de encontrar, apanhei um vestido florido de fundo preto, um Converse de mesma cor e não me esqueci dos óculos escuros, afinal ainda era tarde ensolarada. Escolhi uma bolsa pequena, para não atrapalhar quando fossemos nos brinquedos mais radicais e ajeitei o cabelo no espelho, resolvendo deixá-lo solto e natural.

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Mary não estava mesmo a fim de ir, nem de se mexer ela foi capaz, ficou ali plantada atrás de mim, só observando para ver se eu cedia aos seus caprichos. Encarei-a com seriedade e espanto ao mesmo tempo, acenando com as mãos para que ela se movesse e rápido.

- Eu não quero ir Suzy, por favor, respeita! - fez biquinho como uma criança.

- Credo, parece que eu estou vendo você reclamar para sua mãe! - comentei.

- É, e você está parecendo ela! - reclamou outra vez.

- Já disse que você vai, anda logo, se veste! - confirmei enquanto me maquiava.

Não ouvi mais nenhuma contestação, finalmente ela desistiu de lutar, abriu sua mala, escolheu um macacão jeans, uma blusa estampada, um Converse branco e por último pegou óculos escuros também. Ela se vestiu, prendeu o cabelo em frente ao espelho, se maquiou e virou para mim, respirando fundo. 

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- Satisfeita? - perguntou num tom de desafio.

- Mais que isso, você está maravilhosa! - tratei de abrir um belo sorriso para quebrá-la.

- Ah, obrigada Suzy... - ela fitou o chão e cruzou as pernas, por vergonha. 

- Mesmo você sendo  cheia de marra, é a minha Mary, só minha - abri os braços para ela.

- Pare de ser fofa, Suzanna. - arranquei um sorriso daquele rosto, sou demais, fala aí!


- Obrigada por tudo, por estar aqui comigo tão longe da sua família - disse durante o abraço.

- Acho melhor a gente ir - Mary riu e me apertou com força antes de se afastar.

-  Ok vamos, os meninos já estão no carro esperando a gente. - saí toda sorridente puxando-a.

Entramos no carro, sentei ao lado de Joe e ela atrás com Nicholas. Por volta de vinte minutos já estávamos no estacionamento do parque, foi difícil encontrar vaga, então Joe pediu para que nós duas descêssemos antes e os encontrássemos na entrada que era mais à frente.


- E aí senhorita chatinha, você não tem falado comigo sobre isso, mas - hesitei um pouco enquanto olhava para onde pisava - como anda o coraçãozinho? - a fitei com olhar meigo.

- Como assim? - ela disse com cara de sonsa, não me enrola não, querida.

- Como assim,"como assim?" Você entendeu, amiga. Como anda o coração, está apaixonada por alguém? - soltei de seu braço e passei a andar de costas pra poder vê-la.

- Ai Suzy você só se importa com isso não é? - ela gargalhou meio forçado

-  Quando estou apaixonada vejo o mundo todo colorido, Mary, eu realmente estou amando o Joe como nunca amei nenhum garoto, acho que ele é o homem da minha vida, entende?

- Às vezes tenho vontade de me sentir assim, mas não consigo, sou realista! - respondeu.

- O que ta querendo dizer Mary, que nunca ficarei com o Joe, é isso? - eu me ofendi, sério.

- Não é isso Suzy, eu só queria me sentir assim, feliz como você, mas não acredito que eu possa viver um amor... - explicou-se e confesso que me senti culpada por não ajudá-la.

- Mas você poderia tentar,  conheço uma pessoa que é realmente a fim de você. 
Só quando te olha já dá pra perceber. - meu sorriso praticamente dizia Nick.

- É exatamente esse o seu problema! - de novo ela fugiu do assunto, literalmente. 
Querendo ou não, ela vivia grudada no Nick e ele nela, foi só eu falar e ele chegou para abraçá-la. Joe estava ao seu lado e esperta como sou, puxei-o para um canto qualquer.

- Ei, mas  aqui, linda? - ele prendeu o riso.

- Do que está falando? - balancei a cabeça, confusa.

-  Você quer... - mordeu o lábio inferior.

- Tá maluco Joseph! - sussurrei, rindo de seu pensamento.


- Ufa! - levou a mão à testa - acho que aqui não é um bom lugar...

- Ainda não acredito que pensou isso! - arregalei os olhos.

- Nem eu... - ambos rimos - mas se não é para isso, porque me trouxe para o canto?

- Para a Mary andar com o Nick, para eles conversarem melhor, acho que ele gosta mesmo dela. O que você acha? - encarei seus olhos castanhos.

- É, parece mesmo, o olhar do Nick diz isso, mas não sei não, ela gosta dele? - ele pareceu enciumado, mas não disse nada, talvez fosse só uma impressão boba.

- Ela diz que não... Mas eu acredito que lá no fundo, sim! Por quê? - indaguei séria.

- Por nada ué, só pra saber - ele fitou o chão rindo.

- Hum, sei! - ergui uma sobrancelha, demonstrando desconfiança - ai de você se fizer alguma besteira, hein. Sr. Danger!


Mary's POV

- Nick você sabe que eu não gosto de parque de diversão - disse acanhada ainda na entrada.

- Não se preocupe estou contigo, ok? - ele olhou fundo nos meus olhos, o que causou arrepio.

- Eu te adoro, Nicholas - abri um sorriso e o abracei forte, pelo menos ele tentava me agradar naquele lugar em que eu não me sentia tão bem - mas... - parti o abraço para olhá-lo vamos sair daqui, para onde você quer ir?

- Como assim sair daqui, quer entrar no parque? - ele arregalou os olhos.

- E eu tenho escolha? - sorri fraco - você quer algodão doce?

- Ei, que isso, você me oferecendo? Não. Se você quiser eu pago um para você.

- Nicholas cala boca! - gargalhei, puxando-o pelo braço e fomos em direção à fila.

- Vamos, mas eu pago - insistiu 

- Ok,  você venceu!  - sorri para ele, mas logo minha felicidade sumiu, Joe vinha puxando 

Suzanna pela cintura, mas parecia que ela não queria se aproximar,  eu comecei a imaginar o diálogo meloso outra vez, e era mais ou menos assim:

- Para Joe! O que você quer? - o gritinho estridente fingindo que não gosta que a puxe.

- Quer que eu responda? - lá vem o olhar safado dele.


- Ficou louco, Joseph? - uma gargalhada de quem diz, não sou boba, mas tenho vergonha. 

- Já estou a muito tempo, por você- uma frase previsível e um safado dele.

E para fechar com chave de ouro, um beijo, bem na minha frente.

A raiva tomou conta do meu corpo, dos meus passos, não disse nada, apenas puxei Nicholas em direção à roda-gigante enquanto ele exclamava assustado tentando me fazer parar. 

- Mas Mary, você não tem medo?

- Está brincando né, eu não tenho medo - sorri sarcasticamente.

- Então por que não quer ir? - ele se confundia cada vez mais.

- E quem disse que eu não quero? Vem Logo! - sentamos no banco e ficamos apertadinhos.

 - Por que você acha que Miley foi embora? - perguntei calmamente.


- Não fale da Miley, por favor. - ele desviou o olhar.

- Por que? - estranhei - desculpa, mas eu acho que é bom desabafar..

-  Não foi nada, mas sei lá, acho que ainda sinto algo por ela. Só queria que alguém me ajudasse a esquecê-la, entende? Afinal, ela vai se casar... - nossos olhares se cruzaram.

- Entendo... - desviei o olhar com medo do que ele queria dizer, mas mesmo assim segurei sua mão. Lentamente ele curvou o tronco, encostou o nariz no meu rosto, tirou os cabelos que incomodavam meus olhos e encostou os lábios nos meus.

- Nick! - afastei-me surpreendida - por que fez isso? - perguntei sem encará-lo.

- Mary, tem uma coisa que eu estou querendo te dizer há semanas, bem antes de você voltar. 
Eu amo você, sempre amei, foi por essa razão que terminei com a Miley - disparou ele.


Ps.: OMG, QUE DECLARAÇÃO REPENTINA FOI ESSA NICHOLAS?
E aí galera, o que vai acontecer?

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